Preenchendo Lacunas
Onde admito que não li algo que já deveria ter lido antes e relato meus esforços em remediar a situação
Finalmente estou lendo Neuromancer, primeiro livro de William Gibson e uma das pedras fundamentais da literatura cyberpunk. Já tinha tentado antes, mas a tradução era muito ruim e minhas expectativas eram outras. A tradução da nova edição da Aleph (feita por Alex Antunes) resolve o problema.
Neuromancer é um livro mais preocupado com atmosfera e estilo que com história. Isso fica evidente nos trechos mais famosos - como o do céu da cor de uma televisão fora do ar -, permeando todo o livro.
É engraçado como a tecnologia do cenário envelheceu em alguns aspectos, ainda estando longe do que esperamos em outros. O "estudo" da apropriação da tecnologia por artistas e outros marginais, no entanto, foi muito preciente dos rumos que as coisas iam tomar, ainda mais se levarmos em consideração que Gibson escreveu o texto antes da explosão da e-music e do hacking em grande escala.
Acho que um dos motivos que me fez largar Neuromancer quando tentei lê-lo há anos foi a quantidade de referências culturais a fenômenos contemporâneos, mas obscuros. Na época, eu lá sabia que caralho era dub? Esta edição está cheia de notas explicativas - o que é bom - mas que hoje me são quase que totalmente obsoletas.
Estou na metade do livro, mais ou menos, mas ele está me estimulando o suficiente para tentar as outras obras de Gibson em formato eletrônico (baixadas dos p2p). Acho que vou começar por Pattern Recognition.